- Redação
ENTREVISTA COM THIAGO VINÍCIUS

Memória LGBT: Como foi se assumir para a família?
Thiago: Foi difícil. Na comunidade o preconceito existe, e era forte na época, mas eu soube me empenhar e sempre fui respeitado por todos.
Memória LGBT: Você sofre preconceito dentro de casa?
Thiago: De certa forma sim. Fiquei sem falar com o meu avô durante 5 anos, mas, graças a Deus, o amor superou essa barreira.
Memória LGBT: O que é ser gay na comunidade para você?
Thiago: É difícil, tem que ser muito forte, porque sempre viramos alvo de brincadeirinhas e chacotas. Temos que nos impor para mudar esse quadro.
Memória LGBT: Já sofreu algum tipo de violência dentro da Favela?
Thiago: Nunca, apenas piadinhas, mas sempre levei na esportiva.
Memória LGBT: Uma Frase?
Thiago: “Viver e não ter vergonha de ser feliz” (ADORO!)
Memória LGBT: como foi o seu primeiro contato com o seu filho Wallace?
Thiago: Foi amor à primeira vista, coisa de outras vidas sabe? Agi com o coração, quando dei por mim já estava me chamando de pai.
Memória LGBT: O que ele representa para você?
Thiago: Amor ao próximo, educação, respeito, carinho, valorização de coisas que eu não dava valor e ele me freou bastante das bala‑ das e coisas supérfluas da vida.
Memória LGBT: Como repercutiu essa adoção amigável?
Thiago: Houveram muitas críticas e muitas dúvidas, pelo fato de eu ser jovem, gay e solteiro.
Memória LGBT: Como você usou isso ao seu favor?
Thiago: Mostrei na prática o meu potencial. Fiz pelo meu filho o que muitos pais heterossexuais não fazem pelos seus; dei um lar, muito amor e carinho. Wallace chegou com um aninho e hoje já tem 5, está fazendo até jiu-jitsu (diz cheio de orgulho).
Memória LGBT: Uma lembrança com ele?
Thiago: A primeira mamadeira e a primeira troca de fralda.
Memória LGBT: Teve ajuda?
Thiago: Claro (risos).
Memória LGBT:: Como repercutiu a notícia da adoção entre seus amigos famosos?
Thiago: Acharam bacana a iniciativa, mas nada mudou, sempre fui querido.
Memória LGBT: Um sonho realizado?
Thiago: Ser pai; conhecer Paris; ir à Disney; ir ao show da Beyoncé. Fiquei na área VIP, ao lado dos famosos mais tops, por exemplo a IsabelliFontanna.
Memória LGBT: o que é ser pai para você?
Thiago: É ser tão bom para o meu filho quanto o meu pai foi para mim. Ele foi pai solteiro e criou os seus 3 filhos com a ajuda dos pais. Com dignidade, respeito, educação e, acima de tudo, amor incondicional.
Memória LGBT: Qual a reação dos seus pais diante de você se assumir gay?
Thiago: De imediato meu pai não teve uma reação boa. Em seguida meu irmão veio a falecer, ele sentiu a dor da perda de um filho e deixou de lado o preconceito. A figura materna que tive foi a minha avó, pois minha mãe biológica abandonou a família quando eu ainda era pequeno. Aos 17 anos ela reapareceu, mas ela não tinha muito o que falar e perdemos o contato.
Memória LGBT: Qual mensagem você deixa, para essa geração LGBT mais liberal que está surgindo na comunidade?
Thiago: Primeiramente previnam‑se, respeitem o próximo, imponham‑se e o mais importante, deem‑se o respeito, para que os outros possam também respeitar‑lhes, e sejam felizes. #VRAAAAA
Memória LGBT: Como você se vê daqui a 10 anos?
Thiago: Com mais 10 anos? (Pausa). Vamos esquecer isso, o futuro a Deus pertence!
REVISTA MEMÓRIA LGBT – ANO III – EDIÇÃO VIII – Junho /2015 – P.14-15- ISSN 2318-6275 - WWW.MEMORIALGBT.COM